Por Eli Gonçalves
Não, não se trata de uma apologia ao Anarquismo – teoria social e movimento político que dispensa o Estado de administrar a sociedade. Estamos falando aqui de algo que não tem qualquer orientação política, mas sim de inovação tecnológica: a chamada “Disrupção Digital”, que vem transformando diversos modelos de negócio mundo afora e pode mudar também a forma como o cidadão participa da gestão de sua cidade, estado ou país.
O termo “Disrupção Digital” refere-se a inovações que oferecem produtos acessíveis e criam um novo mercado de consumidores, desestabilizando as empresas que eram líderes no wp_or. Alguns exemplos bem conhecidos:
A maior companhia de táxi do mundo não possui táxis – Uber;
A maior rede de hospedagem do mundo não possui imóveis – Airbnb;
A maior empresa de telefonia do mundo não possui infra-estrutura de telecom – Skype;
O maior varejista do mundo não tem inventário – Alibaba;
Os canais de mídia mais populares do mundo não criam conteúdo – Facebook e Youtube;
O banco que cresce mais rápido no mundo não empresta seu dinheiro – SocietyOne;
A maior casa de cinemas do mundo não possui cinemas – Netflix
Os maiores vendedores de softwares do mundo não criam os aplicativos – Google e Apple.
Inovações tecnológicas também podem chegar na gestão de nossa querida Jundiaí e não são difíceis de serem aplicadas. Imaginem a seguinte situação:
1- Cada cidadão de Jundiaí cadastra-se num site, onde deixa algumas informações sobre o seu perfil (especialmente os CEPs dos locais onde mora e trabalha);
2- Em seguida, ele avalia os principais problemas da cidade por categoria (segurança, transporte, educação, emprego, etc) através de subcategorias previamente elaboradas e outras passíveis de serem adicionadas;
3- O cidadão insere uma pontuação de gravidade para cada problema na subcategoria;
4- Um programa de georreferenciamento mapeia as principais reivindicações por região da cidade, ordenando por nível de gravidade e mensurando o impacto das ações, conforme o tamanho da população afetada;
5- O mesmo programa utiliza uma inteligência para relacionar como as diferentes subcategorias se relacionam entre si, de forma a identificar como as ações em uma área podem beneficiar outras, conforme as atualizações dos indicadores ao longo do tempo;
6- Cada secretaria de município recebe seus respectivos estudos, conforme a categoria; vereadores, associações de classe, ONGs e quaisquer outros grupos organizados também poderiam receber informações daquele programa para ajudar no exercício de suas atividades;
7- O cidadão que se cadastrou no site também acessaria os resultados e poderia receber algum benefício do município por manter o programa permanentemente atualizado, de forma que os governantes tenham nesta ferramenta um dinâmico painel de controle da gestão do município;
8- Por fim, o usuário (no caso, o cidadão) avaliaria o prestador de serviço (no caso, os governantes, secretários, vereadores, etc) e acompanharia o andamento das reivindicações junto aos principais gestores envolvidos.
Como se pode analisar, a maior disrupção talvez nem seja na tecnologia, mas sim na mente política: é preciso que conceitos como “colaboracionismo”, “inter-relacionamento”, “avaliação permanente” e “transparência administrativa” integrem a gestão pública, sob o risco da sociedade se rebelar contra seus governantes – seja nas urnas, nas ruas ou nas redes sociais. O poder emana do povo e, daqui para frente, a tecnologia vai assegurar este princípio democrático melhor do que qualquer lei.
Eli Gonçalves é sócio-proprietário da empresa de consultoria empresarial Saber Fazer Marketing & Negócios